DE POESIA E ALTAR

Quando o João me pediu que escrevesse sobre o Valnês e a Estela, achei graça. Isto é, ri-me de contente. Acontece que a história dos dois é uma história bonita como poucas. É, verdadeiramente, uma história de amor e de poesia, vivida por dois poetas.

Conheci os dois em sala de aula, em minhas aulas de Literatura, na Escola Érico Veríssimo. Parece-me que os dois não se conheciam e, ainda, eram de turmas e séries diferentes. Separadamente, no entanto, os dois mostravam-me seus rascunhos poéticos, seus ensaios de pequenos poemas. De minha parte, lia os poemas em sala de aula, comentava-os e fazia-os conhecidos de toda a Escola.

Lá pelas tantas, observei que o Valnês e a Estela seguidamente se conversavam; um pouco mais, e notei que as conversas se prolongavam além do normal… Seria só poesia?  Mais um pouco ainda, e veio o noivado; e, já, já, o matrimônio.

Da poesia ao altar: o matrimônio da poesia.

Tanto a poesia do Valnês quanto a poesia da Estela falam de amor. A poesia da Estela é uma poesia simples, quase ingênua, cativante e íntima. Mas, essa simplicidade, quase ingenuidade, é fruto de um grande esforço interior. Não é fácil ser simples. A simplicidade, por vezes, engana, como em Casimiro de Abreu. A poesia da Estela se aproxima da poesia de Casimiro de Abreu.

O Valnês, além do amor, tematiza ainda a questão existencial e a questão social. Sua poesia é mais universal, mais questionadora e reflexiva. Na questão da existência humana, aborda a solidão e o sentido da vida; na questão social, focaliza o absurdo dos desníveis socioeconômicos. É excelente!

Eis aí: da poesia, ao amor; do amor, ao altar; do altar, à vida em comum. E, na vida em comum, uma nova poesia.

É, ou não é, uma história muito bonita?