É um processo de negação de um pensamento de viés mais humanista que está em curso, minando as clássicas aspirações da filosofia a ter resposta para tudo. A sociedade vive hoje a era da especialização do conhecimento: para um dado problema, podemos encontrar a resposta utilizando alguma ferramenta específica da técnica ou da ciência.
É tudo muito simples e superficial, como escolher um produto em uma prateleira de uma loja, ou como fazer compras pela internet. O grande impasse é que a técnica e a ciência não têm respostas para todas as questões que assolam uma sociedade extremamente angustiada.
Após o século XX assistir boquiaberto à ascensão e declínio de regimes totalitaristas e coletivistas de direita e de esquerda, com todos os seus horrores nele embutidos, nosso atual mundo pós-moderno, ainda repleto de um cientificismo materialista exacerbado, é um arremedo de arcabouço político e institucional, um imenso entulho de leis, normas e regulamentos que reforçam incertezas e desigualdades. A democracia que foi prometida às massas virou uma espécie de populismo barato e demagogia vulgar embalada por “memes” de redes sociais – um espelho da ansiedade que tomou conta do mundo contemporâneo.
Nesse contexto, é bem possível que a filosofia tenha se reduzido, por exemplo, ao terreno da ética profissional ou esteja apenas à procura de pequenas formas de conhecimento válido. Talvez tenha virado uma comezinha mercadoria do imenso supermercado do conhecimento humano, como tantas outras.
A CONTINUAR…
Thiago Andrade Macedo: escritor infiltrado no serviço público federal, advogado não militante, autor do romance policial, psicológico e filosófico O Silêncio das Sombras, também atuou como articulista do jornal A União; filho de pernambucanos nascido nas Minas Gerais, atualmente é um ex-nômade radicado em João Pessoa, Paraíba.
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