Insones, perdidos no meio desta longa viagem na noite das incertezas e imersos em alguma rede social, agarramo-nos a pensamentos do tipo “ready made”, que definem, de forma caricata e uniforme, tendências políticas, grupos sociais, modos de agir, formas de pensar.  

As redes sociais e suas “bolhas” ideológicas que inviabilizam o diálogo dão o tom de monotonia da hodierna mente humana. Não há mais espírito crítico e ideias originais: como uma manada hipnotizada, seguimos o que a grande mídia dita, ou o que notáveis gurus de canais do Youtube pregam, enfim, o que é mais “cool” aos olhos de todos que nos cercam, seja isso, diga-se de passagem, com conotação progressista/esquerdista ou conservadora/direitista, o que nos faz, também, entrincheirarmo-nos em nossa guerra contra “o outro”, ou seja, aquele que pensa diferente de nós.

Diante desse novo mundo dominado pela inteligência artificial e a grande rede mundial de computadores, resta a pergunta: o homem manda nos algoritmos, ou os algoritmos mandam no homem? O ser humano ainda é, de fato, dono de seu próprio nariz? Até que ponto a indústria de software influência – ou monopoliza – nossas vidas?

A tecnologia avança a passos largos, as pequenas revoluções operam-se todos os dias. Eticamente, porém, o homem regride. Virou refém de um egocentrismo infindo. Nunca se viu tanta carência: queremos ser amados ao extremo, precisamos da aceitação imediata desse “outro”, ao mesmo tempo em que travamos uma guerra diária contra ele. Bem-vindos ao mundo dos pseudointelectuais e subcelebridades da internet.

Thiago Andrade Macedo: escritor infiltrado no serviço público federal, advogado não militante, autor do romance policial, psicológico e filosófico O Silêncio das Sombras, também atuou como articulista do jornal A União; filho de pernambucanos nascido nas Minas Gerais, atualmente é um ex-nômade radicado em João Pessoa, Paraíba.

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