A filosofia parece ter virado um mero anexo de algumas empresas, uma espécie de “sub RH” destinado à melhoria do ambiente de trabalho. Outrora, construções teóricas megalomaníacas criavam palácios suntuosos de conhecimento, ao passo que pensamentos iconoclastas pareciam que podiam incendiar o mundo inteiro.

O que vemos atualmente é a patética exibição de pseudopensadores em canais do YouTube para um séquito de seguidores desprovidos de senso crítico, de falsos profetas do saber em redes sociais – no plano nacional e internacional -, pessoas com pouca bagagem ou apenas algum verniz intelectual, que, se fossem alunas em uma academia cujo corpo docente tivesse mestres da envergadura de um Eric Voegelin ou um Vicente Ferreira da Silva – só para ficar em nomes mais recentes -, não serviriam nem para abrir portas para eles.  

Hoje, a pobre filosofia parece contentar-se em ocupar algumas saletas bolorentas em amorfos prédios de um calculado saber humano. Estruturas morais e éticas, antes firmes e bem construídas, parecem, em poucas décadas, ter-se desmoronado. A fé cega na razão, na ciência e no progresso talvez agora esteja nos cobrando alguma conta que não foi paga. O caos está nos vencendo, por enquanto…

Thiago Andrade Macedo: escritor infiltrado no serviço público federal, advogado não militante, autor do romance policial, psicológico e filosófico O Silêncio das Sombras, também atuou como articulista do jornal A União; filho de pernambucanos nascido nas Minas Gerais, atualmente é um ex-nômade radicado em João Pessoa, Paraíba.

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