Olhou para cima. Perdida. Seu nome se apagara assim como os caminhos. Nem tudo é metamorfose. Abrir estradas requer muito mais de atenção do que de memória. Sobrava-lhe a sofisticação hermenêutica presa no pensamento. Nada lhe parecia mais patético e desolador que um catador de papéis. Perambulava. Sem sábados ou domingos ou tolos calendários para guardar ou aguardar. Os fatos inusitados rendem boas histórias – isso ela sabia e costumava evidenciar: “Yo ejercito la paciencia y percebo con exactitud felina el momento de salir o entrar en escena. La vida existe para tocarnos. El toque para sentirnos vivos. No es didáctica. Sólo un pensamiento suelto. Tal vez ni eso”. Um dia haveria de contar que muito há que saber das perdas para ter a si mesma. Reconhecida. Lembrada. Como mata fechada.
Tere Tavares: escritora e artista visual, residente em Cascavel, PR, autora dos livros Flor Essência (2004), Meus Outros (2007), Entre as Águas (2011), A linguagem dos Pássaros (Ed Patuá 2014), Vozes & Recortes (Ed Penalux 2015), A licitude dos olhos (Ed Penalux 2016), Na ternura das horas (Ed. Assoeste 2017) Campos errantes (Ed. Penalux 2018), Folhas dos dias (Selo Ser MulherArte Editorial, 2020), Destinos desdobrados (Ed. Penalux, 2021) e Diário dos inícios ( Metanoia Editora, Selo Mundo Contemporâneo Edições, 2021) . Conta com publicações em antologias, jornais e sites literários nacionais e internacionais. Integra a Academia Cascavelense de Letras. Blog: http://m-eusoutros.blogspot.com/ Facebook: https://www.facebook.com/tere.tavares.1
E-mail: t.teretavares@gmail.com