Dando sequência a seus “tratados poéticos”, o escritor Waldemar José Solha nos surpreende com o longo poema “Preciso de um poema nOVO” (Editora Arribaçã), obra que transborda experimentalismo e reflexão sobre a própria linguagem poética. Com uma abordagem metalinguística, Solha tece uma crítica à crise de autenticidade na poesia contemporânea, ao mesmo tempo em que explora as possibilidades criativas do fazer poético.

O título, com o jogo de palavras e o destaque à letra “n”, já indica a inquietação do autor: a busca por algo novo, mas ancorado no que é eterno na essência da poesia. O poema se desdobra em um fluxo de versos que dialogam com temas universais — a arte, a modernidade, a comunicação e a experiência humana —, revelando a habilidade do autor em transitar entre o intimismo e o comentário social.

Solha constrói sua obra com uma musicalidade singular e um vocabulário que vai do cotidiano ao erudito, desafiando o leitor a participar ativamente da leitura. Nesse processo, o poema se torna não apenas uma peça literária, mas uma performance de pensamento, onde tradição e inovação convergem para formar um texto vivo e pulsante, extremamente cerebral, mas bastante fluido em emoção também. Há humor, sarcasmo, ironia e, apesar disso, há ainda muito lirismo e delicadeza na poética de Solha.

“Preciso de um poema nOVO” é, acima de tudo, uma reflexão sobre a necessidade de renovação em tempos de saturação e repetição. Solha reafirma, com sua voz única, a relevância da poesia como espaço de questionamento e reinvenção.

 

** Créditos da foto: Antonio Diniz

Thiago Andrade Macedo: escritor infiltrado no serviço público federal, advogado não militante, autor do romance policial, psicológico e filosófico O Silêncio das Sombras, também atuou como articulista do jornal A União; filho de pernambucanos nascido nas Minas Gerais, atualmente é um ex-nômade radicado em João Pessoa, Paraíba.

E-mail: thiagojpam@yahoo.com.br