Ainda há pessoas que afirmam categoricamente que não há vida inteligente na internet. Puro preconceito. Os tempos mudaram, e o que se oferece hoje no espaço cibernético está fazendo com que até a jurássica televisão procure evoluir, tanto em termos de agilidade como de interatividade com a própria… internet! Entre os infinitos recursos e opções de navegabilidade da grande rede mundial de computadores, uma excelente opção de entretenimento são alguns canais do YouTube.

Dito isso, você já pensou em ouvir aquela velha música pop um tanto batida em uma versão revigorada, com forte carga jazzística, em estilo retrô, vintage, seja lá o isso que for? Há um canal no YouTube que poderá proporcionar essa sensação aos amantes da boa música popular.

O Postmodern Jukebox é um projeto do jovem (nascido em 1981) pianista, compositor e produtor Scott Bradlee. À procura de inspiração criativa, ele começou a reescrever música pop como exercício. Após lançar discos com a nova experiência proposta, ele resolveu, em 2011, iniciar esse projeto vencedor, que hoje rende até turnês por vários países do globo.

Grupo não fixo de músicos que faz covers de músicas pop/rock com roupagem de jazz, ragtime e swing, entre outros, o Postmodern Jukebox possui um canal próprio no YouTube, tendo sido um dos projetos musicais mais premiados do site nos últimos tempos.

Sempre se movimentando dentro das lentes de uma câmera estática que mostra um cenário descolado, como um salão com piso emadeirado, os músicos participantes, muito bem vestidos, de fato parecem se divertir, em números criativos e enxutos – tudo na base do baixo custo de produção, que termina por ser também um dos destaques do projeto.

Vários artistas têm contribuído para o sucesso da empreitada. Dentre os músicos convidados pelo grupo, encontra-se o consagrado músico de smooth jazz Dave Koz, que colaborou, com solos espertos de sax, em uma versão sensacional para Careless Whisper (em vídeo ao final desta resenha), do Wham!, duo britânico de música pop no qual se destacou o recentemente falecido George Michael, no início de sua carreira.

Cantoras bastante interessantes também participam do projeto, como Maiya Sykes, Pia Toscano, Annie Bosko e Vonzell Solomon. Como a lista é bem variada, é instigante dar um passeio pelo canal e ir explorando as diversas nuances das faixas, que são releituras inovadoras, em muitos casos, de músicas que não suportamos mais ouvir em sua versão original.

Aliás, um dado curioso é que uma parte das músicas e dos artistas “homenageados” por Bradlee e companhia revela um certo gosto duvidoso (alguém aí se lembra de Ice Ice Baby, de Vanilla Ice?). Todavia, quando ouvimos as versões jazzísticas das músicas originais, algumas com um quê de bom humor, outras com “good vibrations”, um novo olhar é lançado sobre elas.

A internet mudou e evoluiu. A música, nem tanto. Muitos músicos, porém, ainda podem ser bastante criativos e nos surpreender. Portanto, vida longa a Scott Bradlee e seus inquietos parceiros musicais do Postmodern Jukebox. Música popular de qualidade se faz assim.

Thiago Andrade Macedo: escritor infiltrado no serviço público federal, advogado não militante, autor do romance policial, psicológico e filosófico O Silêncio das Sombras, também atuou como articulista do jornal A União; filho de pernambucanos nascido nas Minas Gerais, atualmente é um ex-nômade radicado em João Pessoa, Paraíba.

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