Sempre que um gênero artístico parece não ter mais nada a dar, aparece um revolucionário. Como Beethoven ao introduzir um coral na Nona Sinfonia. Como Calder ao dar movimento à escultura, criando móbiles. Como Piscator projetando filmes em suas montagens teatrais. Como Whitman, dando uma guinada na poesia.

Numa área menos erudita, diríamos que Ray Coniff ao servir-se de vozes masculinas associadas a trombones, trompas e saxofones baixos, e vozes femininas a pistons, clarinetes e saxofones altos, fez isso, …. e Stanley Martin Lieber, mais conhecido como Stan Lee, ao dar a seus super-heróis – como diz a Wikipédia – “uma humanidade defeituosa”, introduzindo “personagens complexos que poderiam ter maus ânimos, ataques de melancolia e vaidade, (…) preocupados em pagar suas contas e impressionar namoradas, entediarem-se e às vezes ficarem doentes”.

Claro que nada vem do nada, pois eu era um menino magro, dentuço, pobre e de braço quebrado, que se sentia bem vendo que Fred Freeman era um jornaleiro de muletas que gritava Shazam e se tornava no Capitão Márvel Jr; Steve Rogers era um recruta desengonçado que virava o Capitão América, Clark Kent era um jornalista “gauche”, desastrado, que passava a ser o Superman. O segredo foi salientar, dar mais espaço a esse lado Norma Jean dessas Marilyns.

W. J. Solha: romancista, poeta e ensaísta paulista radicado na Paraíba, é também dramaturgo, ator, artista plástico e publicitário, com vários livros publicados e premiados, transitando em várias frentes de nossa cultura; um artista "multimídia" por excelência.

E-mail: waldemarsolha@gmail.com