“Na Natureza Selvagem” é um longa-metragem de 2007 escrito e dirigido por Sean Penn. É uma adaptação do livro homônimo de Jon Krakauer lançado em 1996. No livro acompanhamos a história de Christopher Mccandless, um estudante que, após se graduar na Universidade de Emory, decide doar todo o seu dinheiro para a caridade e parte em uma jornada eremita até o Alaska.

Christopher considera que perdeu seu rumo na vida, e o que lhe é reservado para o futuro não trará felicidade. Então, ele decide partir em uma jornada pessoal. Ao fazer isso, ele vai em busca do que considera ser o ideal para a sua vida. Ele renuncia ao seu passado, deixando para trás basicamente todos os seus pertences e levando apenas o fundamental nessa nova etapa.

Até seu nome é algo que ele não deseja mais carregar. Alexander Supertramp é seu novo nome, algo que, apesar do peso de apagar seu passado, também tem um tom de brincandeira. “Supertramp” pode ser traduzido como super-vagabundo em português.

A partir daí, acompanhamos Alexander passar por vários lugares, conhecer várias pessoas, apaixonar-se, fazer amigos e muitas outras coisas. Devo dizer que sua escolha, independente de seu final, foi indubitavelmente corajosa. Lutar pela própria felicidade é algo que poucos tem coragem de fazer.

“Na Natura Selvagem” é antes de tudo uma crítica aos conformistas, àqueles que se contentam com tudo que é designado para eles, aos que vivem vidas robóticas que parecem ter começo, meio e fim já definidos por alguém ou algo maior que eles. É um convite ao anarquismo pessoal: viva por você, e isso não necessariamente quer dizer que você deva ser egoísta ou algo do tipo.

Negar a felicidade a si mesmo para seguir um modelo de vida ou algo do gênero não faz o menor sentido. Além disso, o próprio personagem ressalta que felicidade só vale a pena quando compartilhada. Por isso, apesar de ter alcançado a tão esperada felicidade que ele desejava, não havia ninguém com quem ele pudesse compartilhar esse sentimento.

O mundo parece estar repleto de tragédias e a cada dia parece piorar. A única coisa que podemos fazer é buscar a nossa felicidade e encontrar as pessoas certas para compartilharmos nossos momentos. Essa parece ser a grande lição a se levar desse filme.

A felicidade é única e ocorre de uma maneira para cada pessoa. Não existe fórmula mágica: só o que nos resta é lutar por ela com todas as forças que possuímos, sem esquecer que “felicidade só é real quando compartilhada com alguém”.

 “Na Natureza Selvagem” é um filme simples, mas com muita alma. E vai falar diretamente com aqueles que desejam buscar algo novo em suas vidas, porém, por receio das consequências, não o fazem. Ele não será o melhor filme que você já assistiu. Mas pode ser um dos mais importantes.

Rodrigo Maracajá: radicado em João Pessoa, é um dos autores da novíssima geração, crítico de cinema, estudante de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais, desbravador da literatura e apaixonado por música e HQs.

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