A pintura que mais me impressionou até hoje – o LAS MENINAS, de Velásquez: estive durante oito dias ante elas, no Museu do Prado, Madri. Algo se perde nas fotos: a sua… tridimensionalidade. Sente-se que há espaços entre o grupo da princesa e o pintor que se autorretrata à esquerda nos pintando (como se fôssemos o rei ou a rainha que comparecem no espelho lá no fundo da sala).
“Como ele conseguiu isso”, me perguntei, o mais próximo que pude chegar da tela. Vi que Velásquez obteve esses … vazios, servindo-se de desfoques – como os da visão – em certos pontos estratégicos, prenunciando o ainda muito distante impressionismo. O rosto da lourinha é nítido, suas mãos e os adereços em seu vestidinho, não.
Senti ali, contestada, a leitura mil reiterada do que Sheldon Sheney diz em sua História da Arte: “Velásquez pouco fez para que merecesse um posto acima da média dos pintores de êxito na corte”; Isso, apesar de “sua maneira perlácea e fresca de pintar”, apesar da “transparência da cor velada por harmonias de cinza, prata e pérola”.
W. J. Solha: romancista, poeta e ensaísta paulista radicado na Paraíba, é também dramaturgo, ator, artista plástico e publicitário, com vários livros publicados e premiados, transitando em várias frentes de nossa cultura; um artista "multimídia" por excelência.
E-mail: waldemarsolha@gmail.com