Sou eu que estou mais uma vez preso aqui, nessa sela de rostos amargos, puros, humanos. Lembro que o sol cortava. Não parecia haver nada de novo e eu ali. Estranho. Não conseguia me mexer. Lembro que o tempo estava entrando por dentre as entranhas, assim como o vento. Leve e esperado. Circulava dividindo o pouco de lugar que tínhamos, era leve e frio aos que estavam sentados. Aos que como eu permaneceram se equilibrando, tínhamos somente a sorte – tinha cheiro de mofo, um quarto escuro e sem forma e estava ela parada no meio imóvel. O tempo não era nosso, nunca fora.

Ao mesmo tempo em que tudo estava tão estreitamente ligado, parecíamos estar d i s t a n t e s de todos. Corpos e vidas distintas tomando o mesmo rumo. O do fim. Calmo como um lago, mas a quem diga oceanos: fui me aproximando e chegando cada vez mais perto até que comecei a sentir seu cheiro, mas com toda certeza éramos água. Turvas, claras, quentes, frias.

Átomos agrupados por propósitos, um corpo só. Um corpo de morte, frio. Mas se entrar mais uma pessoa eu explodirei. E muitos outros explodirão também, fomos esculpidos pelo mesmo material. INFLAMAVÉL.

se eu tiver que voltar lá mais uma vez eu mato ela…………minha sobrinha nasceu ontem……comecei ontem você tam……você va….

CALA A BOCA!

Fervia. Barulho de caos. Era um encontro de pessoas desesperadas para serem ouvidas. Eu não conseguia nem lembrar meu próprio nome toquei seu rosto de traços finos tinha um que de esperança nos olhos SAQUEI A ARMA 

A quem pertence todo esse cósmico que nós nos encontramos perdidos uma vez por outra? A nós mesmo? Temos será o poder de controlar tudo isso que passa por nossos olhos, que tocam nossa pele, que fazem parte, por talvez só um segundo de nossas vidas – ela parecia não se importar com meus movimentos só estava ali por estar parecia pertencer e vão pra tão distante. 

E os corpos começaram a se movimentar na mesma direção. A do fim. Que agora parecia estar tão perto. Alguns passos, tropeços, esbarros e já estaremos lá, passando por esta porta estreita, com um quê de esperança mística, transcendente de suas luzes. De um sol forte e nordestino mesmo assim apontou bem perto da cabeça dela a vida e a morte nunca estiveram tão juntas.

E quando se passa do fim? O que se encontra no termino de toda essa jornada? O sol primeiramente, que me beijava. Um beijo quente de vida de Luz. E pessoas que também eram, como eu, outras pessoas. E já que estamos aqui, no fim, o caminho pode ser visto logo após ele disparou com uma certeza que não pensava existir e o tiro passou sem ser sentido e o corpo caiu ao chão. Então atravessei a rua sem olhar para os lados.

João Gabriel Gomes: autor baiano da novíssima geração, amante da poesia, da filosofia, da arte e de tudo que se esconde no mistério humano, é também estudante de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais.

E-mail: joao_rgomes@hotmail.com