POR QUE ESCREVO? Porque o que leio não me basta. Escrever me força a VER – com alguma NITIDEZ – o que outros, embora gênios, não me mostram, ou insuficientemente me passam. Mas por que ficção, poesia – ainda que eu tenha quarenta BREVÍSSIMOS ENSAIOS MUITÍSSIMO ILUSTRADOS?
Trecho de meu romance A BATALHA DE OLIVEIROS, prêmio INL 1988, ed. Itatiaia 1989:
– Inês, não estou buscando o entendimento para escrever esse romance, mas ao contrário: eu o estou escrevendo para ver se encontro o entendimento! É que, meu deus: só consigo raciocinar… mesclando a realidade com ficção, a … a… síntese com a análise!
– Você está é muito do desorientado!
– Não! Sim! – e lhe replico: – Meu pai me ensinou que há um tipo de ficção que sempre nos leva a uma conclusão verdadeira!
– Exemplo.
– Exemplo. Veja só: eu era menino, ele me mostrou uma bicicleta de homem deitada sobre outra, de mulher, no mato, e me disse: “Ih, logo-logo vamos ter velocípedes na vizinhança!”

W. J. Solha: romancista, poeta e ensaísta paulista radicado na Paraíba, é também dramaturgo, ator, artista plástico e publicitário, com vários livros publicados e premiados, transitando em várias frentes de nossa cultura; um artista "multimídia" por excelência.

E-mail: waldemarsolha@gmail.com